Como já é do conhecimento da opinião pública, no Rio Grande do Sul existe uma conspiração entre setores do judiciário e da polícia do Estado, a Brigada Militar, para dissolver o MST. Desde 2006 vem acontecendo uma série de ações articuladas entre a polícia e o judiciário para desmobilizar e criminalizar o movimento. E todas as atrocidades jurídico/militares contra os Sem Terra, tem como fundamento teórico um dossiê panfletário, ideológico, elaborado por um coronel da Brigada Militar, que é ligado à extrema direita. E este, conhecido como coronel Cerutti, inclusive foi candidato a deputado em 2006 pelo partido do Maluf, que no Rio Grande do Sul é um braço político dos grandes latifundiários que vivem no mais arcaico sistema agrário.
Grande parte dos latifundiários gaúchos que pouco produzem em suas estâncias, mantém suas terras improdutivas usando as como moeda de especulação, como forma de status e poder e como instrumento para barganhar dinheiro público através de financiamentos bancários para a produção que em geral não realizam, mas depois negociam e rolam suas dívidas. Deste modo o povo paga o luxo e a ostentação desses latifundiários. É importante dizer que esta classe burguesa que não contribui em nada com o desenvolvimento da sociedade, também tem um braço jurídico/militar, que lhe permite ser bem servida com juízes de plantão para dar reintegração de posse quando suas terras improdutivas são ocupadas e com policiais armados para agredir Sem Terra.
Mas, enfim, diante disso, vale lembrar que há um número incontável de cidadãos e cidadãs que apóiam o MST. Que acreditam muito mais na luta e na organização do movimento do que nas ações dos governos, da justiça e da polícia. O MST, sim, luta pelos pobres, trabalha para mudar as estruturas que geram a fome e a miséria em nosso país. O MST luta pela dignidade da pessoa humana, pela preservação da natureza, pelo respeito para com a Terra e os povos. O MST - uma organização democrática e cidadã - é resultado do anseio de mudar a realidade agrária do país e reverter os grandes problemas sociais através da agricultura familiar e camponesa. E além de lutar pela Reforma Agrária, o movimento assume a defesa da educação pública, da cultura, da ecologia e a soberania do povo.
O Movimento Sem Terra, nesses 25 anos de existência, tem feito muito pelo Brasil. Hoje, graças às lutas do movimento, são mais de 350 mil famílias assentadas. E muitos, se não a maioria dos assentamentos já tem escolas, postos de saúde, cooperativas e outras conquistas da luta dos trabalhadores democraticamente organizados pelo MST. Nada disso existiria se não fossem as ocupações de terra, as marchas, os protestos, as greves de fome realizadas pelo MST. Como disse o Bispo Dom Pedro Casaldaliga, “Bendito seja o MST”. É por isso que o movimento tem muitos amigos. São inúmeras as organizações e pessoas dos mais diversos setores da sociedade que apóiam o MST e que neste momento se sentem agredidas junto com os Sem Terra.
Esta conspiração política, jurídica e militar da burguesia gaúcha contra o MST é um fato vergonhoso para nós que temos o ideal republicano estampado
Frei Pilato Pereira
www.olharecologico.blogspot.com
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