quinta-feira, 24 de julho de 2008

Dia do Agricultor e da Agricultora

Nesta semana, sexta-feira, dia 25 de julho celebramos o Dia do Agricultor e da Agricultora. Este dia merece ser celebrado porque esta é a classe social que mais contribui para o país. Os grandes produtores dizem que produzem muito. Mas comparando a terra que possuem e o dinheiro que ganham do Estado para produzir, percebemos que os pequenos é que produzem mais e geram muito mais emprego e renda para a população.
Mais de 70% do alimento que vai diariamente à mesa do povo brasileiro, vem da agricultura familiar e camponesa. Por isso, neste dia devemos agradecer ao homem e a mulher do campo que produzem o pão nosso cada dia. Também é importante que observemos a diferença que existe na forma de como a terra é distribuída. A diferença entre concentração da terra, que é o latifúndio, a monocultura e a partilha da terra, que é a Reforma Agrária e a Agricultura familiar.
A terra é um meio de produção, mas é mais que isso. A terra é território, é lugar de vida, cultura, política, fé, trabalho e etc. A terra é lugar de vida e de convivência. Quando a terra é partilhada, a convivência humana e a relação das pessoas com a natureza, acontecem de uma forma. Mas, quando a terra está concentrada nas mãos de poucos, as relações humanas e o tratamento do ser humano com a natureza ocorre de outra maneira.
O pequeno agricultor, o camponês trabalha na terra aonde vive, a sua terra é sua casa, é sua vida, é seu mundo e ele procura cuidar da melhor forma possível para deixar algo bom para seus filhos. Na agricultura familiar e camponesa, a família trabalhadora cuida dos banhados, arroios, córregos, das fontes, nascentes, das arvores nativas e de toda a biodiversidade existente. Num latifúndio, tudo é devastado para plantar grandes extensões.
O camponês, normalmente planta de tudo no seu lote ou na sua pequena propriedade. Planta o que a família precisa para sua subsistência e algo a mais para comercializar e obter alguma renda. E numa grande propriedade, às vezes milhares de hectares, cultivam uma única planta, seja milho, soja, café, eucalipto e etc. Imaginemos o que significa para o meio ambiente ter, por exemplo, 10 mil hectares de terra com uma única espécie de vida. É um verdadeiro desastre ambiental.
Na pequena propriedade, as relações de trabalho e a distribuição da renda, acontecem de forma mais humana, justa e democrática. Mas no latifúndio, existe concentração de poder e de renda. Os que trabalham num latifúndio são empregados, vendem sua força de trabalho e normalmente são explorados. Além da terra concentrada, também acontece a concentração do poder e do dinheiro.
Todo o recurso que um pequeno agricultor recebe, seja da venda de sua produção ou mesmo algum financiamento do governo, ele investe no comércio local. Já o grande produtor costuma gastar fora, em outras cidades, outros países e também investe no setor financeiro especulativo. Seu investimento não gera emprego e não aquece a economia local.
A Reforma Agrária e o apoio a Agricultura Familiar, além de ser uma questão de justiça social, também representam uma alternativa eficaz de desenvolvimento.
Parabéns aos camponeses e camponesas que produzem nosso alimento e cuidam da terra. Cuidando de uma pequena porção de terra, estão cuidando de todo o planeta para que as futuras gerações encontrem um planeta vivo para viver.
Frei Pilato Pereira

terça-feira, 15 de julho de 2008

Governo Yeda: Gabinete de que transição?


Com cerimônia e discursos e até uma carta de compromisso, esta semana o Palácio Piratini declarou encerado o Gabinete de Transição que era constituído por cinco políticos da base aliada. O gabinete foi criado depois de uma crise crônica no governo do Estado, onde tiveram de ser afastados o chefe da Casa Civil, outros dois secretários e o representante do Governo em Brasília. E o objetivo deste instrumento era solucionar a crise promovendo uma nova estrutura na administração pública do governo gaúcho. Porém, depois de um mês e alguns dias em que foi criado, não se pode dizer com certeza que realmente fez acontecer esta passagem política e administrativa no governo da Yeda Crusius.

É verdade que a carta de compromisso anunciou algumas medidas, como a criação do Cadastro do Gestor Público. E também foram assinados os decretos que instituem o Gabinete de Transparência, Prevenção e Combate à Corrupção, e a Comissão de Ética Pública, o Código de Conduta da Alta Administração e o Código de Ética do Servidor Público Civil do Poder Executivo. Bem como, foi encaminhado à Assembléia Legislativa um projeto de lei para criar a Secretaria da Transparência, Prevenção e Combate à Corrupção. Contudo, é difícil acreditar que este gabinete tenha trabalhado para proporcionar ao Estado as condições necessárias para dar um passo a frente e sair do lamaçal de corrupção em que se encontra. É mais fácil crer que a função deste gabinete foi a de, através do anuncio destas medidas ilusórias, proteger o governo das muitas evidencias de corrupção. E isto é como querer “tapar o sol com a peneira”.

De acordo com o que foi revelado pelo próprio vice-governador, com suas gravações, a maioria dos partidos da base aliada está envolvida em atos de corrupção. Tem partidos da base do governo relacionados com as supostas irregularidades do Banrisul e, conforme as investigações da CPI, alguns partidos estão comprovadamente envolvidos na fraude do Detran. Até mesmo a governadora Yeda é apontada como responsável por atos de corrupção, inclusive, existem fortes e evidentes suspeitas de que sua campanha foi bancada com dinheiro desviado dos cofres públicos. O sensato seria que um gabinete para enfrentar esta conjuntura de corrupção fosse composto por pessoas que não tem relação com os partidos e os políticos suspeitos. Porém, aconteceu que, justamente os amigos e companheiros dos acusados do crime, foram chamados para analisar a situação e apontar as “soluções”.

Não podemos ter a ingenuidade de acreditar que este tal Gabinete de Transição tenha feito a necessária mudança estrutural para tirar o Estado da lama de corrupção e coloca-lo a trilhar no caminho da ética e da transparência. Uma mudança tão grande não seria feita pelos próprios atolados no lamaçal de corrupção do governo Yeda. O que é possível crer que eles fizeram, foi criar uma aparente esfera de reestruturação do Estado. Criaram uma ilusão de que agora existem estruturas de controle da gestão pública. No meio do barro da corrupção, certamente construíram máscaras para iludir a opinião pública. O que o governo fez foi ajeitar o time para continuar no mesmo jogo. Tirou alguns titulas, colocou uns reservas e segue jogando com nas mesmas regras e para atingir os mesmos objetivos de antes.

Frei Pilato Pereira

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segunda-feira, 14 de julho de 2008

O MST é meu amigo. Mexeu com ele, mexeu comigo!


Além de uma sólida base com muitos e bons militantes, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, o MST, também tem inúmeros amigos e amigas. Pessoas que depositam esperanças na organização e na luta do movimento e que também ficam indignadas com o descaso dos governos para com a Reforma Agrária e a perseguição da polícia e do judiciário contra os Sem Terra. Sabemos que a criminalização dos movimentos sociais e populares vêm ocorrendo em todo o Brasil. Mas o MST é o movimento mais perseguido e em particular no Rio Grande do Sul, seu lugar de origem, vem sofrendo a sua pior fase de criminalização em 25 anos de existência.

Como já é do conhecimento da opinião pública, no Rio Grande do Sul existe uma conspiração entre setores do judiciário e da polícia do Estado, a Brigada Militar, para dissolver o MST. Desde 2006 vem acontecendo uma série de ações articuladas entre a polícia e o judiciário para desmobilizar e criminalizar o movimento. E todas as atrocidades jurídico/militares contra os Sem Terra, tem como fundamento teórico um dossiê panfletário, ideológico, elaborado por um coronel da Brigada Militar, que é ligado à extrema direita. E este, conhecido como coronel Cerutti, inclusive foi candidato a deputado em 2006 pelo partido do Maluf, que no Rio Grande do Sul é um braço político dos grandes latifundiários que vivem no mais arcaico sistema agrário.

Grande parte dos latifundiários gaúchos que pouco produzem em suas estâncias, mantém suas terras improdutivas usando as como moeda de especulação, como forma de status e poder e como instrumento para barganhar dinheiro público através de financiamentos bancários para a produção que em geral não realizam, mas depois negociam e rolam suas dívidas. Deste modo o povo paga o luxo e a ostentação desses latifundiários. É importante dizer que esta classe burguesa que não contribui em nada com o desenvolvimento da sociedade, também tem um braço jurídico/militar, que lhe permite ser bem servida com juízes de plantão para dar reintegração de posse quando suas terras improdutivas são ocupadas e com policiais armados para agredir Sem Terra.

Mas, enfim, diante disso, vale lembrar que há um número incontável de cidadãos e cidadãs que apóiam o MST. Que acreditam muito mais na luta e na organização do movimento do que nas ações dos governos, da justiça e da polícia. O MST, sim, luta pelos pobres, trabalha para mudar as estruturas que geram a fome e a miséria em nosso país. O MST luta pela dignidade da pessoa humana, pela preservação da natureza, pelo respeito para com a Terra e os povos. O MST - uma organização democrática e cidadã - é resultado do anseio de mudar a realidade agrária do país e reverter os grandes problemas sociais através da agricultura familiar e camponesa. E além de lutar pela Reforma Agrária, o movimento assume a defesa da educação pública, da cultura, da ecologia e a soberania do povo.

O Movimento Sem Terra, nesses 25 anos de existência, tem feito muito pelo Brasil. Hoje, graças às lutas do movimento, são mais de 350 mil famílias assentadas. E muitos, se não a maioria dos assentamentos já tem escolas, postos de saúde, cooperativas e outras conquistas da luta dos trabalhadores democraticamente organizados pelo MST. Nada disso existiria se não fossem as ocupações de terra, as marchas, os protestos, as greves de fome realizadas pelo MST. Como disse o Bispo Dom Pedro Casaldaliga, “Bendito seja o MST”. É por isso que o movimento tem muitos amigos. São inúmeras as organizações e pessoas dos mais diversos setores da sociedade que apóiam o MST e que neste momento se sentem agredidas junto com os Sem Terra.

Esta conspiração política, jurídica e militar da burguesia gaúcha contra o MST é um fato vergonhoso para nós que temos o ideal republicano estampado em nossa Bandeira Riograndense. É uma façanha que não serve de modelo para ninguém, pois, é resultado de uma imaturidade política e de uma compreensão decadente e precária da democracia. Os agentes desse ato desvalioso desconhecem a democracia ou são seus inimigos. Mas, o MST é verdadeiramente um instrumento de edificação da sociedade democrática e promoção da justiça e da paz.

Frei Pilato Pereira
www.olharecologico.blogspot.com

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