sábado, 9 de agosto de 2008

Poesias pelo Dia dos Pais

Caro internauta, ao passar por este blog, hoje, no Dia dos Pais, vais encontrar algumas modestas poesias que escrevi para o meu pai, enquanto ele estava vivo e depois de sua morte. A poesia “O cigarro e o chimarrão” é uma colaboração de meu irmão, Paulo Pereira. Eu sei que esta homenagem em forma de poesia é algo muito simples, mas nada do que não for simples poderá dizer o amor que sinto pelo mau pai.

Mozart Lourenço Pereira
*11/11/1939 +15/10/2006


MEU PAI

Meu pai, um homem pobre e livre
Humilde e sábio, o meu velho pai
Mostrou-me o por aonde a vida vai
Indicou-me os caminhos da liberdade
E pediu que seguisse sempre sem medo
E se preciso, guardando segredos
Mas nunca escondendo a verdade
Hoje, olho contemploso o seu semblante
Fico lembrando de outrora
Meu pai, um gaúcho guapo e vibrante
E agora, meio cansado, às vezes desolado
Mas com fé, sereno, segue adiante
O seu passo lento indica meu destino
Desde menino, foi dele que aprendi
Que é devagar que se vai ao longe
Porque o longe é perto do bem querer
E é preciso seguir a vida livre e sem pressa
Cumprindo promessas e aprendendo a viver
Só peço a Deus
Que dê saúde ao meu velho pai
Pra que ele possa partilhar sabedoria
E partejar filosofias de liberdade
Acendendo luzes pra realidade
Indicando caminhos do novo dia.
(Frei Pilato Pereira, 2005)

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ONZE DE NOVEMBRO

Meu pai,
Hoje seria o seu aniversário
Como marca o calendário
O dia em que nasceu.
Mas, a vida, neste ano
Mudou-se de plano
A definitiva páscoa
Chegou e te levou.
A terra acolheu a semente
A gente não sabe, mas sente
No céu germinou o semblante
Que no mundo o sol iluminou.
Ficou a marca em nossas almas,
Calmas, sofrendo em prantos a dor
Uma confusa dor que leva
Para sempre leva um amor.
Em prece nos despedimos
E tu foste levado por nossas mãos
Mãos que queriam te segurar
Para que ficasse conosco
E nunca mais se ter que chorar.
Mas era preciso partir
E tua páscoa aconteceu.
Naquele instante
Num mundo de lágrimas
Uma ultima lágrima emudeceu.
E os olhares fitos viram descer
Ao chão, o teu corpo
De regresso ao cosmo
Ao ventre da terra.
Não é aqui que a vida encera
E vai de volta a casa do Pai
Agora vai e sempre nos verá
Terá-nos eternamente.
Viverás para sempre
E um dia nos receberá.
(Frei Pilato Pereira, 2006)

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O CIGARRO E O CHIMARRÃO

Numa mão o cigarro e na outra o chimarrão
É bonita a cuia com erva verde
Revivendo a nossa deslumbrante tradição
Mas é terrível o cigarro que está em sua outra mão
Cada vez mais vai destruindo seu pulmão
Esta imagem ficou guardada na minha lembrança
E me acompanha desde quando era criança
Mas, já não o vejo mais, nem mesmo com o cigarro
Pois foi este que o levou, o separou dos que lhe amavam
Agora procuro lembrar
As coisas boas que meu pai sempre nos ensinou
Com sua sabedoria, ternura e amor
Fumar? Claro que não
Pois eu sei a dor que um filho sente
Ao perder um pai que amou de coração
E na dor da saudade procuro me consolar
Porque acredito um dia vou lhe encontrar
Não mais com o cigarro na mão
Que lhe causou tanto mal
E sim tomando seu chimarrão tradicional.
(Paulo Pereira, 2007)

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TUDO É SAUDADE

Tudo é saudade neste Pampa sem fim
O mundo todo por onde andei
E de onde venho, um mundo inteiro
Eu tenho um mundo que grita dentro de mim
No coração que pede pra tomar um mate
Brincar com o cão que late a traz do galpão
Saudade é sonho que dorme com roupa de ilusão
Mas é a liberdade de voltar sem deixar de seguir
É ir se embora e de novo vir onde mora o coração
(Frei Pilato Pereira, 2008)

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O BOM MESTRE

Entre um palheiro e outro
Ou algum trago, talvez
Ou um chimarrão
Que a mãe lhe fez
Assim, o pai seguia sua prosa
Como tento dizer neste verso
Ele não queria julgar
O que era errado ou certo
Mas no seu modo calmo de falar
O bom mestre que sabia ensinar
Começava e seguia falando
Com palavras simples e sábias
Ensinando-nos sobre a vida
O que aprendeu de seus pais
Dos livros que leu
E em suas idas e vindas
Era assim depois da tarde caída
Ao longo do anoitecer
Reunidos ao redor do fogão
Enquanto a lenha queimava
O pai partilhava o saber
Que provinha do seu coração
(Frei Pilato Pereira, 2007)

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ADEUS PAI

Adeus Pai
Vou te levar
No coração comigo
Vou te lembrar na canção
Amigo, doce irmão
Em tua noite calma
O perfume da flor de tua Alma
Se eternizou e canta ao luar
E agora e sempre
Tua vida vai estar
Aqui e em todo lugar

(Frei Pilato Pereira, 2008)

3 comentários:

Anônimo disse...

[BLUE]FELIZ DIAS DOS PAIS DOS GRANDES POETAS COMO O SR.FÉLIX PILATOS VC É LINDO E MUI INTELIGENTE!!PARABENS!!ADOREI TODAS POESIAS POEMAS QUE VC FEZ COM TANTO CARINHO.ADMIRO MUITO ESSAS PESSOAS QUE TEM ESSE LINDO DON DE FAZER OS OUTROS FELIZES!MEU PAI TIÃO VIANA TB.É POETA MÚSICO FAZ LINDAS MÚSICAS 84.ANOS E TOCA VIOLÃO COMO GRANDES MÚSICOS.PENA QUE Ñ ÉS RECONHECIDO PELA SOCIEDADE!MAS VAMOS IMPRIMIR E GRAVAR TUDO QUE ELE FEZ!PARABENS!COM VOTOS DE SAÚDE AMOR E MUITA PAZ!!TE AMO LINDÃO!!!

Pilato Pereira disse...

CECILIA, obrigado pela visita e o comentario ao blog. Um abraço. Boa semana.

Anônimo disse...

Pilato,a palavra feita poesia voa rápida e chega mais depressa à alma. O poeta sempre é livre e quando faz memória a palavra torna-se vida. Li com gosto, sabor e perfume as poesias...

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