Todos os anos o Conselho Mundial de Igrejas (CMI) trabalha uma campanha ecumênica chamada “Tempo para a Criação” que inicia no dia 1º de setembro por ser o primeiro dia do ano do calendário eclesiástico da Igreja Ortodoxa, estendendo-se até 4 de outubro, que é a Festa de São Francisco de Assis, na tradição católica romana e anglicana, e por ser um santo universal, admirado por diversas denominações e manifestações religiosas no mundo inteiro.
São Francisco de Assis é a referência nesta campanha ecumênica, que é um tempo de oração, reflexão sobre o cuidado e o uso justo dos dons da natureza que recebemos de Deus, e assim, renovar o compromisso ecológico. O Tempo para a Criação faz parte das iniciativas do programa da justiça climática do CMI através do qual, igrejas, organizações ecumênicas e redes religiosas enfatizam o aspecto ético e espiritual do debate sobre questões ambientais.
São Francisco de Assis é a referência nesta campanha ecumênica, que é um tempo de oração, reflexão sobre o cuidado e o uso justo dos dons da natureza que recebemos de Deus, e assim, renovar o compromisso ecológico. O Tempo para a Criação faz parte das iniciativas do programa da justiça climática do CMI através do qual, igrejas, organizações ecumênicas e redes religiosas enfatizam o aspecto ético e espiritual do debate sobre questões ambientais.
Para Dom Rowan Williams, primaz da Igreja Anglicana, arcebispo de Cantuária o Tempo para a Criação é um momento oportuno de oração e ações para concretizar a união das igrejas em defesa da vida, anunciando a boa nova para toda a criação de Deus. É a hora de “pedirmos a Deus para nos revigorar, nos unir e nos inspirar em torno dessa visão de uma boa nova universal”. O Tempo para a Criação é uma forma de resgatar o valor e a dignidade de toda a criação e de promover a conscientização de que ela também espera ansiosa pela libertação prometida ao gênero humano.
Quando a comunidade humana é curada do seu pecado e do seu medo, do egoísmo, da ganância e da ansiedade, isso se expressa na natureza. Pois, "o propósito de Deus para toda a Criação é a glória para tudo o que foi criado. A própria Criação será liberta da escravidão da corrupção e obterá a liberdade da glória dos filhos de Deus", afirma Williams.
Além de um evento adicionado ao calendário litúrgico das igrejas cristãs, o Tempo para a Criação é o contínuo despertar para a mudança, é a conversão ecológica, onde o ser humano, numa visão holística, compreende seu lugar na criação. Tudo é criatura de Deus, que muito ama todas as formas de vida que criou. Esta é a oportunidade em que os cristãos podem encorajar uns aos outros e a toda a humanidade quanto aos fenômenos das mudanças climáticas. E como cristãos, não devemos promover o pânico, que nada muda. Podemos, sim, contribuir com a mudança, partilhando boas novas, anunciando que haverá vida para toda a Criação. É, portanto, um tempo de resgatar a esperança e, num clima de conversão, reafirmar o compromisso ético de mudanças nas atitudes humanas para deter a injustiça climática.
O Tempo para a Criação, mais do que uma atividade das igrejas cristãs, é uma porta que se abre para que os cristãos se unam com outras religiões numa mesma roda de dialogo em busca de soluções eficientes e eficazes no cuidado da criação. É também uma oportunidade para que diferentes religiões orem de mãos dadas no mesmo santuário da vida, como fez São Francisco de Assis, e que deixou registrado no Cântico das Criaturas.
O Tempo para a Criação provoca para o debate sobre a Terra e toda sua biodiversidade. Ajuda as pessoas a compreenderem o sentido da humanidade como uma comunidade de vida onde todos são responsáveis por todos e por tudo. É o despertar para um olhar ecológico e holístico, com a compreensão de que somos a comunidade Terra. Nosso Planeta é uma comunidade de vida e os seres humanos precisam compreender seu lugar em meio a toda a biodiversidade existente na Terra. Ou seja, com o Tempo para a Criação quer fazer o ser humano deixar a natureza ser ela mesma e assumir uma postura fraternal e amorosa frente a todas as formas de vida. É o momento para o despertar da ciência de que somos parte da Terra e que estamos o tempo todo interferindo positiva ou negativamente na vida do planeta. E com o Tempo para a Criação podemos influenciar na harmonia da vida.
O CMI declara que “a Terra e seus habitantes não podem esperar mais”. Por isso conclama as igrejas membro e todo o movimento ecumênico, bem como, as outras religiões para “continuar orando e falando, expressando o grito dos pobres e da Terra nestes momentos cruciais”. O Tempo para a Criação é uma ótima oportunidade para unir igrejas e religiões em defesa da vida que é obra das mãos de Deus. Quiçá aos poucos, com nossas Igrejas, religiões e comunidades, assumamos esta campanha como um tempo de oração, reflexão sobre o cuidado e o uso justo dos dons da natureza que recebemos de Deus, e assim, renovemos em comunhão de fé o compromisso com a defesa da justiça e da paz com a criação.
Pilato Pereira - mestre em Teologia pela PUCRS, com pesquisa sobre Ecologia e Ecumenismo.
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