sábado, 28 de fevereiro de 2009

Três paixões governam minha vida

Assim escreveu Bertrand Russel, em: “The Autobiography”: “Três paixões, simples, mas irresistivelmente fortes, tem governado a minha vida: a ânsia de amar, a busca do conhecimento e uma insuportável compaixão pelo sofrimento da humanidade. Essas paixões, como fortes ventos, têm me impelido de um lado para o outro, num caminho caprichoso, por sobre um profundo oceano de angústias, que chega à beira do desespero./ Procurei o amor, primeiro, porque ele trás êxtase – êxtase tão imenso que eu ofereceria todo o resto da minha vida em troca de umas poucas horas desse prazer. Eu o procurei, também, porque ele ameniza a solidão – aquela terrível solidão na qual uma consciência em pedaços se paralisa nas franjas do mundo num insondável abismo frio e sem vida. Eu o busquei, finalmente, porque na união do amor eu vislumbrei, em mística miniatura, a suposta visão do paraíso que santos e poetas imaginaram. Isto foi o que procurei, e embora possa parecer demasiado bom para a vida humana, foi o que – finalmente – eu encontrei./ Com a mesma intensidade busquei o conhecimento. Desejei entender os corações dos homens. Eu quis saber por que as estrelas brilham. E tentei apreender o poder pitagórico que faz com que um número flutue por sobre o fluxo. Um pouco disso, não muito, eu consegui. Amor e conhecimento, tanto quanto foi possível, elevaram-me em direção ao paraíso./ Mas a compaixão sempre me trouxe de volta à Terra. Ecos de gritos e de dor reverberam no meu coração. Crianças famintas, vítimas torturadas por opressores, velhos desassistidos como um odioso fardo para seus filhos, e o mundo inteiro de solidão, miséria e sofrimento, fazem um arremedo do que a vida humana deveria ser. Eu desejo minorar o mal, mas não posso, e sofro também. Esta tem sido a minha vida. Eu a entendo como uma vida digna, e prazerosamente a viveria outra vez se uma oportunidade me fosse dada” (www.polemikos.com).

As palavras de Bertrand Russel nos dizem muito a respeito da nossa própria vida. O ser humano, ao natural, tem suas paixões, variando de pessoa para pessoa, umas mais e outras menos acentuadas. Estas três paixões, que Russel fala de sua vida, talvez sejam para todo/as. Podemos dizer que a ânsia de amar, a busca do conhecimento e a compaixão, são sentimentos normais em todas as pessoas. É difícil encontrar alguém que não tenha vivenciado essas três paixões. São sentimentos profundamente humanos e tão presentes na vida humana que podemos afirmar que foi Deus que os semeou no coração das pessoas.

E até onde posso falar sobre amor e conhecimento, sei que estes dons ou paixões ou dimensões da vida humana – como se pode dizer – possibilitam experiências de elevação e de êxtase imenso, como diz Russel. Então, poderíamos afirmar que o amor e o conhecimento nos dão uma amostra grátis do paraíso. E, na lógica da história de Bertrand Russel, a compaixão pela dor e o sofrimento humano, ao contrário, nos aproximam da terra, da realidade e da nossa pequenez.

Quem faz a experiência de saciar a ânsia de amar e a conquista do conhecimento, talvez possa esquecer que ao redor da Terra existem situações de sofrimentos e dores que devem ser transformadas. A própria espiritualidade pode acalentar nossas dores individuais e nos tornar pessoas tranquilizadas, sem indignação diante das injustiças que os outros sofrem. Com Jesus e seus discípulos aconteceu um momento de êxtase espiritual em que presenciaram a glória de Deus. Mas quando os discípulos queriam armar três tendas e permanecer na montanha, Jesus exigiu que descessem para continuar a missão (cf. Lc 9,28-36). Seja a espiritualidade, o amor ou o conhecimento, quando alcançados numa experiência de profundo prazer e bem estar, como Deus quer para todos, é preciso voltar ao chão da vida porque ainda há muita gente que não alcançou a dignidade perdida ou roubada.

E a compaixão nos faz sentir a dor do outro como própria. E quando lutamos para transformar as realidades de sofrimentos, dores e angustias, também sofremos e nos angustiamos por não ver a transformação sonhada. Parece que a compaixão faz duplicar a dor. Sofremos por ver o sofrimento de outrem e por nos sentirmos impotentes diante de tamanha realidade a ser transformada. A compaixão nos apresenta sempre mais e novos desafios. Cada luta traz outras lutas e cada desafio traz outros desafios. Parece mesmo que é para nunca parar, nunca deixar de lutar. Enquanto existir um ser humano sem dignidade, a nossa dignidade humana, de toda a humanidade não está completa. E numa visão ecológica, enquanto a vida – qualquer forma de vida – estiver ameaçada ou em degradação, é a integridade da vida – de toda a Vida – que está ameaçada.

Bertrand Russel falou de amor e conhecimento e acrescemos a espiritualidade, mas podemos considerar toda e qualquer forma de prazer e alegria como fontes de energia e vitalidade para fortalecer a compaixão, como um sentimento que através do qual podemos ajudar a resgatar nossa humanidade. É o exercício da compaixão, da solidariedade que faz as pessoas a se sentirem humanas e capazes de valorizar as coisas boas que com elas sucedem. Com disse Che Guevara, “Se você treme de indignação perante qualquer injustiça cometida contra qualquer ser humano em qualquer parte do mundo, então somos companheiros”. Quer dizer que se você é capaz de assumir a causa do outro que sofre, então somos irmãos, somos humanos. Esta é a prova de humanidade.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Livros resgatam a trajetória de Irmão Antônio Cechin

Na terça-feira de carnaval, dia 24 de fevereiro, por ocasião da 32ª Romaria da Terra do Rio Grande do Sul, em Sapucaia do Sul, a ESTEF (Escola Superior de Teologia e Espiritualidade Franciscana) e o Instituto Cultural Padre Josimo lançam dois livros em torno do pioneiro da Romaria e dos movimentos sociais e pastorais do RS, Irmão Antônio Cechin, que celebrou 80 anos em maio de 2007.

"O Irmão dos Pobres", por Frei Pilato Pereira
"Memória para o Futuro", por Frei Luiz Carlos Susin

O primeiro livro, de caráter mais popular, é uma narrativa biográfica: O Irmão dos Pobres. O autor, Frei Pilato Pereira, viveu na ocupação urbana, conquistada em Canoas nos anos oitenta com a decisiva liderança de Ir. Antônio Cechin. Antes disso, porém, o livro aborda a pedagogia de “empoderamento” popular criada por Ir. Antônio e a consequente perseguição sofrida nos anos de chumbo da política brasileira. E depois, alarga a narrativa para o surgimento das comunidades de base, CEB’s, para os inícios da reciclagem de lixo em Porto Alegre, as romarias da terra e das águas, o apoio aos sem terra, aos indígenas e às mulheres pobres. Trata-se de uma narrativa despojada, que deixa transparecer os acontecimentos em sua limpidez e nobreza.


O segundo livro, Memória para o Futuro, organizado pelo professor da PUC-RS e secretário executivo do Fórum Mundial de Teologia e Libertação e pastoralista na Vila Maria da Conceição há 26 anos, Frei Luiz Carlos Susin, reune articulistas envolvidos nas diferentes frentes de movimentos e lutas populares que ganharam alma com a atuação de Ir. Antônio Cechin, revelando o quanto o Rio Grande do Sul foi berço de movimentos sociais e pastorais expandidos pelo Brasil. Trata-se de um conjunto de autores que refletem o passado e o presente desses movimentos sociais em vista de contribuição futura. O lançamento está previsto para o "Momento Cultural" da Romaria da Terra, logo após o meio-dia, no Pesqueiro, junto ao Rio dos Sinos, em Sapucaia. Haverá venda de livros e autógrafos no local.


As duas obras são editadas pela Editora da ESTEF (Escola Superior de Teologia e Espiritualidade Franciscana), de Porto Alegre. E o projeto é uma iniciativa do Instituto Cultural Padre Josimo


Para a 32ª Romaria da Terra também está previsto o lançamento da 2ª Edição do Livro “As Romarias da Terra no Rio Grande do Sul”, por Frei Wilson Dallagnol.


Romaria da Terra

DIA: 24 DE FEVEREIRO DE 2009 - TERÇA-FEIRA

Local: No Pesqueiro junto ao Rio do Sinos, no Bairro Carioca, Município de Sapucaia do Sul

Entrada pela BR 116 para o lado oposto à cidade

Horário: 8h

Lançamento e Sessão de autógrafos

Local: No Pesqueiro junto ao Rio dos Sinos, no Bairro Carioca, Município de Sapucaia do Sul

Entrada pela BR 116 para o lado oposto à cidade

Horário: 13h

Contato direto

Frei Luiz Carlos Susin

(51) 9974-2391

Fonte: Rubens Melo – Jornalista


Romaria da Terra e a questão das águas


ROMARIA DA TERRA CHAMA PARA DISCUSSÃO DA QUESTÃO DAS ÁGUAS

O grito de socorro que saiu do Rio dos Sinos, tão covardemente atingido pelo crime ambiental ocorrido há dois anos, motivou a Igreja do RS a sediar a 32ª Romaria da Terra, com o tema “Água: sangue da Terra”, na próxima terça-feira de Carnaval, dia 24 de fevereiro de 2009.


Os organizadores do evento, a Comissão Pastoral da Terra – CPT/RS, o Vicariato Episcopal de Canoas e a CNBB Sul 3 preveem a participação de mais de 15 mil romeiros e romeiras. O local escolhido é às margens do Rio dos Sinos, no Parque Pesqueiro, em Sapucaia do Sul, local onde foram encontrados mortos mais de cem mil toneladas de peixes, em outubro de 2006.


Além da reflexão sobre a questão das águas, a romaria será palco de denúncia sobre a criminalização dos movimentos sociais e o fechamento das escolas etinerantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.


A programação prevê a partir das 7h a recepção e acolhida dos romeiros na Igreja Sagrada Família, bairro Colonial. Às 08h30min haverá as falas das autoridades locais e Dom Dadeus Grings da Arquidiocese de Porto Alegre fará a abertura. Após a encenação da criação do mundo, às 9h inicia a caminhada de 2 km até o Pesqueiro, no Bairro Carioca. Durante o trajeto haverá quatro cenários, trazendo presente a questão do meio ambiente. Após a chegada ao local continuará a celebração com a pregação de Dom José Mário Stroeher com a reflexão do tema. O almoço será partilhado entre os participantes. Às 13 h na continuidade, é o espaço para o momento de caráter cultural com apresentações musicais de vários artistas e de falas de autoridades, dos Movimentos Populares e Entidades. Às 15h30min será o espaço para a Benção do Envio e o encerramento às 16 h.


Os movimentos populares e entidades terão espaço para divulgação e exposição de seus materiais.


A Romaria da Terra no Rio Grande do Sul, com sua tradição histórica, é o lugar e o tempo por excelência, de denúncia dos desmandos por que passam os empobrecidos do campo e da cidade, quando criminalizados e tão esquecidos em seus direitos na busca de uma nova vida, mas, é também lugar para ouvir os “Sinos” soarem pelo anúncio da celebração de fé e de esperança dos cristãos desta Terra.


Telefones para contato:

(51) 98756345 – Terezinha Ruzzarin

(51) 99911668 – Wilson Dallagnol

Porto Alegre, 18 de fevereiro de 2009.

Comissão Pastoral da Terra – CPT/RS

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Por que Yeda acabou com a Escola Itinerante?

Se me perguntarem quantos prêmios a governadora do Estado recebeu pelo seu trabalho em favor da Educação, sinceramente, não saberia responder. Parece-me que ela, a Yeda Crusius, nunca fez nada de bom para a Educação ao ponto de ser premiada. Mas, quanto ao MST, a resposta é diferente. O Movimento dos Sem Terra, o MST, já recebeu vários prêmios por seu bom trabalho realizado na área de Educação. Vamos lembrar de, pelo menos, dois. Em novembro de 1999 o MST recebeu o Prêmio Itaú-Unicef “Por uma Educação Básica no Campo” e em 1995 recebeu o prêmio “Por uma Escola de Qualidade no Campo”. O MST, um movimento social que muito fez pela educação, acabou entrando em disputa pela questão da educação com uma governadora que nada de bom realizou nesta área. E, com o apoio de uma parcela do Ministério Público, a governadora Yeda venceu a batalha. E os perdedores, nesta batalha, são crianças, cujos pais não tiveram acesso a terra. E agora o poder público nega para seus filhos o direito à educação.


Em se tratando de educação, é inacreditável que uma governadora como esta tenha vencido o MST. Não podemos comparar a importância do MST para a educação com a tranqueira que esta governadora representou para a educação no Rio Grande do Sul. Se andássemos pelos assentamentos perguntando quem aprendeu a ler e a escrever na Escola Itinerante do MST, com certeza encontraríamos milhares de jovens e adultos confirmando com orgulho que foram alfabetizadas numa escola coberta de lona.


A governadora e o Ministério Público deveriam agradecer ao Movimento Sem Terra por tantos milhares de pessoas alfabetizadas na Escola Itinerante. Pessoas que não apenas aprenderam a ler e a escrever, mas descobriram que poderiam reescrever suas histórias e redesenhar a sociedade. São pessoas que aprenderam a ler muito mais que o alfabeto, e sabem compreender a realidade e o que dela deve ser transformado. Os estudantes da Escola Itinerante tiveram aulas de cidadania e não receberam apenas um certificado escolar, mas reconquistaram o título de cidadão consciente, livre e transformador.


É lamentável que o poder público, por pura truculência e perseguição ideológica, tenha acabado com a Escola Itinerante. E o que é pior, isto aconteceu como parte das ações da melancólica ideia de banir o Movimento dos Sem Terra, defendida por um grupo radicalmente ideológico de promotores e procuradores de Justiça do Estado e o governo da Yeda Crusius do PSDB. Impressionante como que um governo tão manchado pela falta de ética e moralmente destruído, se atreve a tomar uma atitude profundamente impopular como esta de acabar com a Escola Itinerante. Então, fica o questionamento. Por que um governo que não se aguenta a si próprio no lamaçal da corrupção, ainda segue com ações antidemocráticas e com um caráter declaradamente ideológico? Entendemos que este governo não veio para edificar, mas para destruir o que já foi feito como conquista popular.


Ao acabar com a Escola Itinerante, Yeda mostra para que veio. Ela proibiu a educação nos acampamentos do MST porque a “missão” do seu governo é ser uma tranqueira para os movimentos sociais e populares e para o progresso humano e social. Querem enfraquecer a organização do povo, criminalizar as instituições que garantem a vigência da Democracia em nosso Estado. Fechar a Escola Itinerante, vergonhosamente, faz parte da estratégia antidemocrática de criminalizar e até banir o MST no Rio Grande do Sul. Uma atitude dessas, após mais de duas décadas do fim da ditadura militar, nos indica que o governo Yeda e esta parcela do Ministério Público que está com ela, ainda estão com a cabeça, a alma e o coração empedrados com as ideologias da tirania militar que governou o Brasil a partir de 1964 até a poucos anos.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

CPT manifesta indignação contra fechamento de escola

Terrorismo cultural no Rio Grande do Sul: fechamento de escolas em Acampamentos

A Coordenação Nacional da CPT vem a público manifestar sua inconformidade e indignação contra a determinação do Ministério Público Estadual e do Governo do Rio Grande do Sul de fechamento da Escola Itinerante do MST, no acampamento Oziel Alves, município de Sarandi, que atendia 130 crianças. A medida nefasta, a primeira entre outras que se seguirão, é um verdadeiro terrorismo cultural, pois a alternativa que se oferece às crianças é ficarem sem aula ou passarem o dia todo fora de casa, parte nos transportes precários, parte em escolas urbanas estranhas à sua cultura.

Por trás desta decisão está a ofensiva do Ministério Público Estadual do Rio Grande do Sul, com o respaldo do Governo de Yeda Crusius, que querem colocar em execução a estratégia de dissolver o MST. Como fartamente foi noticiado em meados do ano passado. O Conselho Superior do Ministério Publico do Estado do Rio Grande do Sul, por unanimidade, aprovou relatório que propunha “ação civil pública com vistas à dissolução do MST e declaração de sua ilegalidade (...)” e ainda “intervenção nas escolas do MST” para sua “readequação à legalidade, tanto no aspecto pedagógico quanto na estrutura de influência externa do MST “ pois “as bases pedagógicas veiculadas nas escolas mantidas ou geridas pelo MST são nitidamente contrárias aos princípios contidos na Constituição Federal”.

Diante das reações que tamanhas barbaridades provocaram, o Conselho recuou. Nas atas de suas reuniões de 7 de abril e de 30 de junho de 2008 decidiram retificar a famigerada ata de dezembro de 2007 asseverando “que tudo não passou de um equívoco, tudo que constou na ata não foi aprovado”. Contradizendo, porém, estas afirmações, alguns promotores firmaram, em 28 de novembro de 2008, com o governo do Estado, sem conhecimento e participação dos pais, educandos e da escola-base, onde as crianças estão matriculadas, um Termo de Ajustamento de Conduta em que o Estado assume a obrigação de, na prática, acabar com as Escolas Itinerantes dos acampamentos do MST. A concretização disso se iniciou no dia 10 de fevereiro com o fechamento da escola do acampamento Oziel Alves.

O que são as escolas itinerantes

As Escolas Itinerantes são uma experiência pioneira do MST para garantir a educação escolar para as crianças e adolescentes dos seus acampamentos, amparada nos direitos sociais inscritos na Constituição Federal de 1988, e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de 1996, e nas Diretrizes Operacionais para Escolas do Campo, aprovadas pelo Conselho Nacional de Educação em 2002.

Em 1996, o Rio Grande do Sul foi o primeiro estado a apoiar tal iniciativa e as aulas, ministradas nos acampamentos, passaram a ter o amparo legal garantindo aos educandos a continuidade dos estudos em qualquer lugar onde ocorressem. Os estudantes são matriculados numa escola-base, e participam das aulas em seu acampamento. A experiência gaúcha se espalhou por diversos estados do Brasil e foi premiada com o Prêmio Educação, do Sindicato dos Professores do Rio Grande do Sul.

Diante de tamanho despudor, hipocrisia e desfaçatez de integrantes do MPE e do governo do Estado nossa indignação não se contém e bem lhe podemos aplicar a indignação do próprio Jesus diante dos doutores da lei e dos fariseus: “Serpentes, raça de víboras” (Mt 23,33) vocês destilam seu veneno contra os indefesos, e se locupletam na mesa dos poderosos. Vocês que, por determinação constitucional, deveriam defender os direitos dos fracos prostituem-se e adulteram com aqueles que secularmente vivem da exploração dos pobres.


Goiânia, 18 de fevereiro de 2009.


Dom Xavier Gilles

Bispo de Viana, MA

Presidente da Comissão Pastoral da Terra

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Em Memória do Deputado Adão Pretto

Todos que sentimos a morte do companheiro Deputado Adão Pretto, sentimos porque foi uma pessoa que tão cedo partiu E sentimos muito porque foi um companheiro especial. Quando mencionamos o nome de Adão Pretto, temos consciência de que ele foi um autêntico militante. E sentimos por sua morte porque a sua vida era um exemplo, um exemplo que muitos ainda deveriam conhecer e com ele aprender a arte de fazer a política da defesa da vida e não a política do interesse. Adão Pretto morreu como parlamentar, mas a sua vida foi marcada como um militante social. O Deputado que nunca deixou de ser militante e levou para o Congresso Nacional as bandeiras que o tornaram um líder popular. Fez jus ao lema que dizia: “Um pé na luta outro no parlamento”.


Na Igreja Adão Pretto deu testemunho da sua fé ajudando a organizar as Comunidades Eclesiais de Base. O pequeno agricultor, dedicado à vida de sua comunidade, homem de fé, poeta e pai de família, se desperta para o compromisso maior, que é a construção de uma nova sociedade. Lendo os sinais dos tempos e compreendendo seu dever histórico, Adão Pretto começou sua militância no Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Miraguaí e na Pastoral da Terra, a CPT. Ajudou a criar o maior movimento social da América Latina, o MST, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. E, percebendo a importância de atuar na via política partidária, optou pelo Partido dos Trabalhadores, o PT, onde construiu uma história de lutas e conquistas em favor dos pobres da terra. Foi um dos primeiros deputados estaduais eleitos pelo PT no Rio Grande do Sul, sendo Deputado Constituinte. Depois, atendendo aos apelos dos movimentos sociais do campo, passou a atuar no Congresso Nacional, sendo um dos mais atuantes deputados federais.


Na Câmara dos Deputados, o companheiro Adão lutou pela Reforma Agrária, pela dignidade dos pequenos e excluídos de nossa sociedade. Como testemunhou o presidente Lula, Adão Pretto sempre defendeu “os anseios e as aspirações dos mais pobres e desamparados”. Lula também lembrou que Adão Pretto foi um dos militantes mais ativos que conheceu. E isso muitos de nós podemos testemunhar. Adão, cujo nome quer dizer “humano, feito do humos, do barro da terra”, o humano moldado pelas mãos de Deus, que o soprou o Espírito da vida; Adão Pretto lutou pela liberdade da Terra e dos filhos dela. Ele não foi um simples militante, mas aquele que abriu caminhos.


O companheiro Adão Pretto sempre soube valorizar a sabedoria e a vontade popular. E saciou sua sede nas fontes da água viva que brota do povo. Foi um fermento nas massas, uma chama de utopia, otimismo, fé e esperança. Sabia lutar com mística, com ternura e vigor. Com muita capacidade de dialogo, também sempre foi corajoso no enfrentamento, combativo, firme e fiel aos seus princípios e valores. E na noite escura da América Latina, Adão Pretto foi poeta e trovador e com sua poesia nos ajudou a dissipar a dor e o medo e alimentar os sonhos e a coragem de lutar em busca do novo amanhecer.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Paz e Bem!


Paz e Bem!

Ouvia-se dizer pelas ruas de Assis

Por um jovem pobre e livre

Que falava sentindo e ajudando a sentir

O sentido mais pleno de paz.

Feliz e sereno, pobre e livre

Pelas ruas de Assis

O jovem Francisco, de alma vivaz

A todos saudava com Paz e Bem

Ele imitava o próprio Cristo

Que passou pelo mundo fazendo o Bem

A Paz de Francisco e Clara de Assis

É a Paz de Cristo – revolucionaria Paz

É o Amor existindo, Justiça acontecendo,

A vida fluindo como fonte de água escorrendo

Água de manancial formando lagar, rio e mar

A Paz é o Bem, é o que a gente é e tem para dar

Paz e Bem, para a vida sempre de novo recomeçar.

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