A data de 22 de março, Dia Internacional da Água, é um momento para se fazer alguma discussão sobre os diversos temas relacionados à água. Visto que a situação da água é bastante preocupante em todo o planeta, é preciso um momento de reflexão, análise, conscientização e busca de alternativas práticas para resolver os problemas que foram surgindo ao longo da história por causa de ações equivocadas do ser humano.
Sem água, o ser humano e nenhuma outra forma de vida consegue sobreviver. A água é vital e não pode faltar, mas no ano de 2002, o Dia Mundial da Água foi marcado por um anúncio assustador e preocupante para toda a humanidade. A Organização das Nações Unidas (ONU) anunciou que “mais de 2,7 bilhões de pessoas deverão sofrer com a falta de água em 2025, caso o consumo do planeta continue aos mesmos níveis”. E depois de 10 anos, o anúncio feito pela ONU ainda faz forte eco e nos convida a refletir e a tomar uma atitude.
Nos últimos vem aumentando a preocupação com o descuido e a escassez de recursos da natureza, a começar pela questão da água. Este é um assunto presente em todo o mundo e sabemos que, infelizmente, junto com o discurso da escassez, entra o interesse econômico de transformar a água em mercadoria. São muitos os países que verdadeiramente sofrem a escassez da água. É grande o número de pessoas ao redor do mundo que não tem acesso à água potável e vive a falta de saneamento básico. Se não houver atitudes fortes de enfrentamento deste problema, a situação futura será muito pior.
Ao falar da escassez da água, precisamos nos perguntar sobre quais são as razões para a crise em que o mundo vive hoje? Realmente são muitos os fatores, mas podemos elencar alguns, como: o forte crescimento e de forma insustentável dos setores agrícola e industrial, que consomem muita água nas suas atividades; os desmatamentos e as erosões dos solos que alteram o ciclo das águas; a poluição dos rios, mananciais, fontes e nascentes; o consumo em excesso e o crescimento populacional. A crise da água vem se agravando ainda mais devido ao sistema econômico global vigente, que nos últimos anos vem forçando a diminuição do controle público e comunitário de abastecimento de água, que está sendo tratada como um assunto comercial. Em vez de ser um bem público, a água muitas vezes é considerada como uma mercadoria. A água que deveria saciar a sede e atender as necessidades das populações, cada vez mais está sendo usada para matar a sede voraz do mercado.
Já se tem notícia de muitos casos em que a privatização dos recursos hídricos e o sistema de abastecimento de água privam as pessoas mais pobres do acesso à água. O que faz milhões de pessoas não ter acesso à água potável não é apenas a escassez de água ou a falta de recursos financeiros para se investir nesta área. Ocorre que em muitos casos, as necessidades e os direitos essenciais de comunidades marginalizadas não são prioridades dos governos e instituições que detém o poder econômico. O acesso à água tem a ver com as relações de poder entre quem possui o controle sobre a água. Portanto, a falta de acesso à água não pode ser vista somente como resultado da escassez.
É importante nos perguntarmos até onde vão as capacidades do nosso planeta. Até onde a Terra pode nos sustentar, ou melhor, até onde ela pode nos suportar. Não seria difícil a Terra nos dar o sustento necessário para viver. Difícil, porém, e quase impossível, é o planeta suportar nosso voraz consumo. Sabemos que a população global vem aumentando cada vez mais. A partir do início da era cristã, foi preciso 15 séculos para duplicar a população do planeta (de 250 para 500 milhões). Mas, na metade do século passado, a população planetária que era de 3 bilhões, mais que duplicou, chegando hoje a 7 bilhões. Um recente relatório do Fundo de População da ONU prevê que, em 2035, a população da Terra poderá chegar a 14 bilhões. E mesmo com o grande aumento populacional, ainda assim teria recursos e matérias-prima para atender a todos. Mas, o problema reside na desigualdade, na forma injusta de distribuição das riquezas. É muito mais uma questão de gerenciamento do que de escassez. Mas, estima-se que a sobrevivência de 1,2 bilhão de pessoas no mundo está em risco devido à falta de água adequada e saneamento. E muitos conflitos que acontecem entre pessoas e comunidades se devem ao acesso desigual à água.
Quando um ecossistema é desequilibrado, afeta também a água e quando a água é agredida, ela faz falta para todas as outras formas de vida. Por isso, o problema da água se torna um problema maior porque está relacionado com a integridade dos ecossistemas. E diante disso é preciso promover a preservação, gestão responsável e distribuição equitativa da água para todos, baseada na crença de que a água é um dom de Deus e um direito humano fundamental.
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