A ecologia cabe em todas as áreas da ação e do conhecimento humano e todas as situações da vida podem e devem ser olhadas na ótica da ecologia. Por isso se fala em olhar holístico e mais completo que holístico, é o olhar ecológico. “Um olhar ecológico vê o ambiente inteiro, as interações do ser humano com o meio ambiente, os animais, as plantas e todas as formas de vida. Precisamos olhar a política, a economia, a religião, a sociedade e as mais diversas áreas da ação e do conhecimento humano numa ótica ecológica.”
Seguem algumas ideias e palavras para celebrar os dois anos do blog Olhar Ecológico...
Vivemos um clima de preocupação com situações como ondas de calor, tufões, tornados e outros fenômenos que ocorrem ao redor da Terra causando maior ou menor visibilidade, mas que surgem de forma inesperada. É o aumento das temperaturas dos oceanos e do nível do mar, o degelo das calotas polares nos indicando que se trata de uma real situação de mudanças climáticas. É verdade que existem as mudanças climáticas naturais, que acontecem sem a intervenção humana. Mas, as mudanças climáticas antropogênicas, as provocadas pela ação do ser humano, não são mito nem moda. Elas estão aí.
É preciso reconhecer que nos encontramos numa crise ecológica, uma degradante situação planetária que afeta a vida de muitos e logo poderá lesar a vida de todos os habitantes da Terra. E esta realidade é fruto de uma concepção de mundo. Tratamos o mundo da forma de como o vemos. Nossos comportamentos são frutos dos nossos valores. Por isso, ao falar em ecologia, sempre se fala da necessária mudança de paradigma, que pode ser definido como “uma constelação de concepções, de valores, de percepções e de práticas compartilhados por uma comunidade” (CAPRA, 2006, p.24-25).
Para mudar é preciso um novo paradigma civilizacional. Neste modelo de sociedade excludente não poderá haver uma reunião de idéias, projetos e sonhos para mudar a face da Terra. O atual modelo de sociedade é que está em crise e vencido. Na contramão do paradigma vigente, que é hegemônico, há um novo paradigma emergente que é de natureza diversa. É preciso apostar num novo paradigma, que para ser novo e universalmente aceito, não pode ser hegemônico, mas diverso. (BOFF, 2004, p. 23-25).
A concentração dos privilégios, das riquezas, dos poderes e das impunidades e a “democratização” da miséria, da fome, do medo e do desespero são as marcas de um modelo de sociedade que, em nome do lucro e do “desenvolvimento” não se importa em tratar mal o ser humano e o meio ambiente. A situação de miséria humana, os pobres excluídos e explorados e a natureza degradada acusam a falácia do pensamento único, este sistema que nada salva e nada liberta, mas leva cada vez mais o mundo a uma realidade de horror e de agudo desespero.
Este sistema alimentado pela mentira - a mentira da derrota da esperança e do sonho - quer promover uma partilha do mundo, que “consiste em concentrar o poder no poder e a miséria na miséria” (Subcomandante Marcos, em 20/01/1996). Este modelo excludente não poderá levar o planeta a uma realidade saudável, de sustentabilidade, com garantia de vida para o futuro. É preciso ter coragem para mudar e construir um novo modo de vida, que não se trata de um sistema criado, inventado por algum pensador iluminado. Precisamos de um novo paradigma que se constrói com todos juntos pensando e trabalhando solidariamente.
E o novo paradigma deve ser holístico, o que também pode ser chamado de “visão ecológica”. O físico Fritjof Capra considera que o termo “ecológico” é até mais apropriado que o termo “holístico” para caracterizar o novo paradigma. Numa visão holística, por exemplo, sobre uma bicicleta: vemos e compreendemos o todo da bicicleta e a interdependência de suas partes. E o olhar ecológico sobre a bicicleta, por exemplo, além de ver e compreender o seu todo e a interdependência de suas partes, também acrescenta a percepção de como a bicicleta se encaixa, interfere no ambiente natural e social. Um novo paradigma que concebe o mundo como um todo integrado, e não uma coleção de partes dissociadas (cf. CAPRA, 2006, p. 25-26).
Numa concepção holística, ecológica de mundo, o ser humano não é o centro e também não é o tecelão da teia da vida, mas é parte desta teia viva e traz consigo uma missão muito especial. Não somos nós que vamos salvar o planeta, mas podemos viver de tal modo que possamos estar colaborando com a vida. A Terra sabe se regenerar e precisamos dar a nossa contribuição para que isso aconteça. Em vez de querer salvar o planeta, vamos pensar e agir com o propósito de “nos salvarmos com o planeta” (Agenda L.A 2010)
Saudações ecológicas
Pilato Pereira
Um comentário:
Oi, bem bacana seu blog.
Abraços,
Leonice.
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